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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Defensores da criação do estado de Carajás querem 'progresso'

É um absurdo o atraso em que a população vive. Não temos asfalto, a situação dos hospitais é ruim. O governo simplesmente não vê o que acontece nas ruas. Só com políticos fortes, atuando mais próximo da gente, é que poderemos conseguir melhorar a região. Aqui tem riquezas, mas não se desenvolve nunca”. A opinião é do cearense Jai de Sá Crato, comerciante que há 20 anos se mudou para Marabá, mas reflete o que pensam muitos moradores da cidade entrevistados pelo G1, que percorreu o Pará por dez dias para ouvir a opinião do povo sobre o plebiscito que vai decidir se o Pará deve ser dividido. Marabá é cotada para ser a futura capital de Carajás, caso a divisão do estado seja aprovada em plebiscito em 11 de dezembro. Em um possível cenário de divisão do Pará, o futuro estado de Carajás será composto por 39 municípios; o estado de Tapajós, 27 municípios, e Santarém como capital; e o novo Pará, 77 municípios, e Belém continuaria sendo a capital.
persona 1, cara que diz que é um absurdo (Foto: Tahiane Stochero/G1)Jair de Sá Crato diz que é um absurdo a situação em
que Marabá se encontra (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Nas ruas é difícil encontrar alguém que nasceu em Marabá. A maioria é procedente do Piauí, Tocantins e Goiás e se mudou para a região do Carajás em busca de trabalho, sonhando com as oportunidades que poderia ter em uma terra rica em minérios e considerada um dos maiores pólos de ferro do mundo.
população reclama de falta de asfalto em marabá (Foto: Tahiane Stochero/G1)População reclama de falta de asfalto nas ruas de
Marabá (Foto: Tahiane Stochero/G1)
“Vim do Piauí para cá há 29 anos e a situação, até hoje, não mudou nada. A rua não tem calçamento, o esgoto está correndo aqui do lado. E todo dia matam alguém. A gente já está até acostumado”, desabafa a comerciante Leocides Carneiro da Silva, que mora no bairro da Liberdade.

“Sou a favor de Carajás. Eu e minha família vamos todos votar no ‘sim’. Queremos que o progresso chegue nesta região. Não é possível que todo o dinheiro que tiramos desta terra vá para a capital”, diz Maria Madalena Filha, de 37 anos, que também reclama da falta de policiamento no Paraíso, onde vive.
Os eleitores do Pará irão à urnas para responder "sim" ou "não" a duas perguntas: “Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Carajás?” e “Você é a favor da divisão do estado do Pará para a criação do estado do Tapajós?”.
posto saúde marabá tem enfermeira dando receita (Foto: Tahiane Stochero/G1)Mulher aguarda com bebê atendimento em posto de
saúde em Marabá (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Outra preocupação da população é em relação à questão da saúde. No centro de atendimento do bairro Liberdade, considerado um dos mais violentos pela população de Marabá, a doméstica Daniella da Silva David aguardava em uma enorme fila por uma consulta médica para filho, David, de apenas 2 meses. A criança estava com problemas intenstinais e não conseguia urinar.

"Cheguei cedo, porque o posto sempre enche na segunda-feira. Estou esperando para uma consulta com a enfermeira Socorro. Aqui não tem médico nem pediatra para atender crianças. É a própria enfermeira que dá a consulta e passa a receita médica com os remédios tem que comprar", diz Daniella
Funcionários do centro de saúde confirmaram ao G1 que uma enfermeira realiza consultas e prescreve receitas e disseram que não havia pediatras na unidade. A Prefeitura de Marabá diz que “contratou, por meio de concurso público, médicos e demais profissionais da saúde para melhorar o atendimento à população”, mas, que “reconhece que tem muito a ser feito” ainda.
acampamento de sem terra quer separação (Foto: Tahiane Stochero/G1)No acampamento de sem-terra, maioria decidiu
apoiar divisão do estado (Foto: Tahiane Stochero/G1)
No acampamento de assentados de movimentos rurais Helenira Resende, às margens da BR-155, lideranças se reuniram para decidir apoiar o desmembramento do estado, diz Vicente Rodrigues do Aguiar, um dos porta-vozes do acampamento.
“Aqui, o que um decide, todo mundo segue. Temos vários problemas no acampamento e a situação só pode avançar se tivermos um território só nosso no Carajás. Tenho certeza que tudo vai melhorar se o Pará for dividido”, diz Aguiar.
Já Parauapebas, onde siderúrgicas nacionais extraem ferro da Floresta Nacional de Carajás, o G1 identificou uma preferência da população pela divisão do estado do Pará. Nas ruas, a sensação é de que as pessoas sentem a distância da capital, Belém, e que isso prejudica o envio de investimentos para a região.
A mesma percepção foi descrita por moradores de Eldorado do Carajás. Alguns deles afirmaram que, apesar das riquezas minerais, a região está abandonada e nada mudou desde o massacre de 19 sem-terra em abril de 1996.

“Eu acho que nada mudou e nada muda por aqui. A intenção de nos separarmos do restante do Pará é por isso, buscarmos tentar melhorar alguma coisa. É a última esperança”, diz Maria Lopes dos Santos.
Em nota, a Prefeitura de Marabá informou que é a favor da separação do estado para que “os investimentos cheguem até o sudeste” do Pará. “O município tem investimento quase zero em convênios e parcerias, principalmente, para saúde e infraestrutura, assim como toda esta região”, afirma a nota da prefeitura. Sobre os problemas de infraestrutura, como falta de saneamento e asfaltamento, a prefeitura diz que “Marabá tem 98 anos e nunca antes recebeu investimentos como nos três anos desta gestão” sendo que, só em 2011, mais de R$ 200 milhões na área, com a reforma de 65 escolas.
BandeiraA discussão sobre a criação de um estado independente não surgiu agora, com a chegada do  plebiscito. Há mais de 20 anos, o cartunista Rildo Brasil registrou em um cartório de Marabá o esboço de uma bandeira que representaria a luta pelo futuro estado de Carajás. “Era 1989 quando fui convidado pelo presidente da Câmara de Vereadores na época, o Miguelito, para fazer alguns esboços. Apresentei sete desenhos e um foi aprovado. Não era nem o meu favorito, mas virou nosso símbolo”, diz o cartunista de 45 anos.
Professor de desenho e jornalista, Rildo pediu que amigos levassem a bandeira para o Rock in Rio 2011, buscando angariar apoio para a causa. “O círculo azul com a estrela ao centro representa nosso pólo, a mina de Carajás, que dá o sustento mineral ao nosso estado. O verde representa as matas; o amarelo, o ouro. A cor escura, o ferro. Todas as faixas convergem para a estrela, nosso pólo”, explica.
 COMENTÁRIO:
Será que a consciência destes políticos não doem? De ver tanta pobreza e não fazer nada? É um absurdo será que esta divisão vai melhorar para o povo ou vai ser " mais renda" para esses políticos?

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